Livro cedido pela editora para resenha
ISBN: 9788580415612
Série: Mar Despedaçado, vol. 1
Tradução: Alves Calado
Ano de Lançamento: 2016
Número de Páginas: 288
Editora: Arqueiro
Classificação: ♥♥♥ 
Sinopse: A implacável passagem do tempo cobra a vida dos cavaleiros que ajudaram Sephrenia a realizar sua poderosa magia, aprisionando em cristal a rainha de Elenia. Mas a busca de Sir Sparhawk pela cura do mal que aflige Ehlana finalmente começa a render frutos, quando  a coalização de cavaleiros da Igreja sai em busca do único artefato capaz de salvar a vida da monarca. Sparhawk e seus amigos, porém, não são os únicos a voltarem seus olhos para a Bhellion. Forças ancestrais, desse e de outro mundo, seguem tramando contra o campeão da rainha e seus aliados. O cerco em torno dos heróis vai fechando cada vez mais, e a rainha pode não ser a única a precisar de salvação. 

Joe Abercrombie, britânico, é escritor e editor de filmes. Sua primeira trilogia, A Primeira Lei, com os títulos já editados pela Editora Arqueiro, aqui no Brasil: O Poder da Espada, Antes da Forca e O Duelo dos Reis, os quais ainda não li, se tornou sucesso mundial. Depois, lançou outros três livros com histórias individuais: Best Served Cold (2009), The Heroes (2011), Red Country (2012), além de alguns contos. E, em 2014, deu início a sua mais nova série: Mar Despedaçado, com o primeiro livro Meio Rei, que começa a ser publicada por aqui também pela Editora Arqueiro.

Todos os livros de Abercrombie são sinônimos de sucesso internacional. Um autor promissor, que vem sendo apontado como uma grande revelação no gênero fantasia, que em nada fica a dever para grandes nomes do gênero.

Eu adorei o livro, começando pela capa que, aliás, ficou maravilhosa! Ela é toda metalizada, e é muito, mas muito mais bonita que a capa original. Não somente deste primeiro livro, mas, igualmente, dos outros dois livros da trilogia. Inclusive, iniciamos Meio Rei com um belíssimo mapa de toda a região ao entorno do Mar Despedaçado, com as localidades onde se passam a narrativa deste primeiro livro da trilogia: Gettland, Vansterland, Thorbly, entre outros. Depois, seguimos com a primeira parte da trama: O Trono Negro, seguido de Vento Sul, A Longa Estrada, O Rei Legítimo, divididos em vários capítulos, com narrativa em terceira pessoa.

A narrativa de Joe Abercrombie é inconfundível e bem original. Seu estilo é marcante, cheio de situações inusitadas, personagens igualmente marcantes e imprevisíveis, diálogos ora engraçados, ora dramáticos, com ótimas construções de personalidade, riqueza de detalhes nas descrições de cena e precisão e objetividade nas cenas de combate e ação. Aventura é o mote de seu livro, que me conquistou logo no primeiro capítulo! Sim, fui fisgada logo nas primeiras páginas!


“Eu, Yarvi, filho de Uthrik e Laithlim, rei de Gettland, faço um juramento! Faço um juramento solar e um juramento lunar. Juro diante d'Aquele Que Julga, d'Aquele Que Lembra e d'Aquele Que Aperta o Nó. Que meu irmão, meu pai e meus ancestrais enterrados aqui sejam testemunhas. Que Aquele Que Vigia e Aquele Que Escreve sejam testemunhas. Que todos sejam testemunhas. Que isso sempre me acorrente e me aguilhoe. Eu me vingarei dos assassinos do meu pai e do meu irmão. Eu juro!”


Meio Rei é exatamente o que o título sugere: Yarvi, filho de Uthrik, um jovem aleijado da mão esquerda, é tido como uma espécie de aberração por seus pares. Filho do rei, ele é o próximo na linha sucessória. Mas, como confiar num rei que, além de jovem, é aleijado? Como seguir um rei que não pode inspirar medo no inimigo? Como seguir um rei que não pode, com sua mão mirrada, sustentar o escudo pesado de madeira? A melhor opção seria que ele fosse um Ministro, uma espécie de sacerdote. Mas, com a morte do pai, cabe a ele assumir o trono e, liderando seus homens, vingar a sua morte. E é aí, duplamente, que começa o calvário de Yarvi.

O Reino de Mar Despedaçado, governado pelo Rei Supremo em Skekenhouse, é uma terra cuja civilização evoca os poderosos Vikings de outrora. A nomeação dos lugares, das pessoas, assim como a evocação dos deuses, o estilo de vida e o modo guerreiro, aventureiro e afrontoso das personagens, criados por Abercrombie, nos dá justamente essa ideia. O que torna a narrativa bem interessante e a trama repleta de aventura e ação ao longo da série. Não há trolls, elfos, gnomos e dragões – por enquanto –, mas nem precisa disso. Porque, Abercrombie sabe criar histórias com o melhor que o gênero fantasia por proporcionar: a aventura.

As situações pelas quais Yarvi passa para chegar ao Trono Negro, que é seu por direito, é incrível. Digno de um teste para iniciado nenhum botar defeito. Eu mesma, com toda franqueza, teria enfiado minha viola no saco e ido para a casa ministerial para ser Ministro. Mas, se isso tivesse acontecido, se ele não tivesse feito o juramento de vingança contra os assassinos do seu pai, nós não teríamos a excelente história do Meio Rei.

“O homem brande a foice e o machado, dissera o pai. O homem move o remo e ata o nó rapidamente. Acima de tudo, o homem segura o escudo. O homem sustenta a linha de combate. O homem permanece ao lado de seu braço direito. Que tipo de homem é incapaz de fazer qualquer uma dessas coisas?"

Meio Rei é uma leitura deliciosa e surpreendente, com um protagonista forte, e uma história cheia de reviravoltas e amadurecimento. Este livro é épico e sua é para nenhum amante de fantasia, ou de uma boa aventura, botar defeito. Agora, com toda a ansiosidade do mundo, aguardo a sequência: Meio Mundo.