Sinopse: China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres. Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena a beira do colapso planeja uma invasão.
Cixin Liu é considerado uma grande promessa entre os autores de ficção científica. Venceu oito vezes o mais importante prêmio chinês do gênero. Também foi o primeiro escritor não anglófono a ganhar o tão cobiçado Hugo, como melhor romance (prêmio esse entregue anualmente para os melhores trabalhos de ficção científica e fantasia, a nível global).
Só pelo fato de não ser um escritor de ficção científica de língua inglesa, os quais têm predomínio nesse gênero literário, o autor cativou minha atenção (e após a leitura, a minha admiração). Ao término da leitura, o que mais ficou evidente foi a excepcional criatividade de Cixin Liu. Uma criatividade digna dos grandes nomes do gênero, como: Artur C. Clarke, Robert Heinlein, Ray Bradbury, Isaac Asimov, Philip K. Dick, entre outros.
O Problema dos Três Corpos é um tour pelo que há de melhor na ficção científica moderna, numa linguagem rica em personagens, localidades e acontecimentos, diálogos e teorias científicas, com ótimas descrições, numa mescla de história e ficção. A história se passa no período da Revolução Cultural Chinesa, introduzindo a personagem Ye Wenjie, uma astrofísica, que passa por maus bocados até conseguir um cargo vitalício na Base Costa Vermelha, onde o governo chinês está desenvolvendo experimentos ultrassecretos. Décadas depois, somos apresentados ao protagonista da história, Wang Miao, um especialista em nanomateriais que, num belo dia, se depara com uma contagem regressiva metafísica que o leva a participar de um jogo online chamado Três Corpos.
A situação de Ye Wenjie e Wang Miao acabam se entrecruzando ao longo da narrativa, revelando-nos uma trama pra lá de mirabolante e, por que não, factível de acontecer. Afinal de contas, o que sabemos sobre o Universo? Nada! Ou quase nada! Ou bem menos do que imaginamos conhecer. Na atualidade, estamos só começando a conhecer algumas de suas particularidades, graças a descoberta de outros mundos em sistemas solares distantes do nosso, com a ajuda de telescópios orbitais cada vez mais sofisticados, como o Hubble.
Desdobrando esse tema, Cixin Liu mergulha fundo na teoria de que há vida lá fora e que eles estão vindo para a Terra. E para tornar essa possibilidade ainda mais interessante, ele nos apresenta o game Três Corpos, um jogo do tipo realidade virtual. A ideia por trás do game Três Corpos é interessante, desenvolvendo conceitos científicos, religiosos e filosóficos em eras sucessivas. Outro ponto interessante também é a forma como a civilização alienígena tenta sabotar o avanço tecnológico da nossa Humanidade. Só lendo mesmo, pois é a coisa mais incrível e original que eu já li em um livro do gênero. É coisa para o Capitão Kirk e o Sr. Spock solucionarem!
Mas, O Problema dos Três Corpos vai mais além da simples ficção científica. Cixin Liu debulha a crise existencial de uma civilização, de uma humanidade, que chegou, como tantas outras antes de nós chegaram, em uma encruzilhada, onde estão em jogo os valores morais, espirituais e humanos de seres cada vez mais centrados em si mesmos; preocupados unicamente em consumir as últimas novidades tecnológicas sem se preocupar com os recursos naturais que estão sendo exauridos para gerar confortos, mimos e prazeres pessoais. Dilema esse que a outra civilização – a alienígena - enfrenta, em grau semelhante, e que a empurra para nós, com interesses nada amigáveis.
Mas, afinal de contas, não fazemos o mesmo com as espécies “alienígenas” em nosso próprio planeta? Durante a Guerra Fria, os Soviéticos, da extinta União Soviética, não foram assim vistos pelos norte-americanos, como Aliens? E o que dizer dos nativos africanos, trazidos para a Europa e as Américas, como escravos? E os mesoamericanos, os índios Guarani, os Tupi, os Incas, os Maias e os Astecas, exterminados pelos exploradores espanhóis e português, sob a benção religiosa dos jesuítas?
E o que dizer dos excluídos da sociedade, vivendo à margem, consumidos pela miséria, pelas drogas e pelo alcoolismo? E os órfãos, os idosos nos asilos, os enfermos de toda espécie, o vizinho necessitado cujas necessidades nunca vemos? O nosso mundo está cheio de "aliens" que a indiferença cuida de exterminar todos os dias através do egoísmo, da hipocrisia, da ganância, da corrupção.
A grande questão, em O Problema dos Três Corpos, é justamente esse: o ser humano tende a destruir, a perseguir, eliminar, julgar previamente, discriminar o que não compreende, o que não conhece. Se temos que criticar um livro, faz-se necessário primeiro lê-lo. Não se pode tecer julgamento sobre alguma coisa, um fato ou alguém sem antes conhecermos o objeto de nosso julgamento. O mesmo se dá com as pessoas, com as nações, as crenças, as ciências.
Cixin Liu é um escritor competente com uma veia criativa de dar inveja. Promete uma trilogia que vai mexer com o gênero Sci-Fi por algum tempo. De minha parte, adorei o livro, com uma ressalva: Gostei mais de Ye Wenjie. Me decepcionou um pouco não ser ela a protagonista dessa primeira parte. Wang Miao me pareceu um pouco insosso, mas, se o que interessa é o contexto geral, então, está valendo! Recomendadíssimo! Adorei!
Só pelo fato de não ser um escritor de ficção científica de língua inglesa, os quais têm predomínio nesse gênero literário, o autor cativou minha atenção (e após a leitura, a minha admiração). Ao término da leitura, o que mais ficou evidente foi a excepcional criatividade de Cixin Liu. Uma criatividade digna dos grandes nomes do gênero, como: Artur C. Clarke, Robert Heinlein, Ray Bradbury, Isaac Asimov, Philip K. Dick, entre outros.
O Problema dos Três Corpos é um tour pelo que há de melhor na ficção científica moderna, numa linguagem rica em personagens, localidades e acontecimentos, diálogos e teorias científicas, com ótimas descrições, numa mescla de história e ficção. A história se passa no período da Revolução Cultural Chinesa, introduzindo a personagem Ye Wenjie, uma astrofísica, que passa por maus bocados até conseguir um cargo vitalício na Base Costa Vermelha, onde o governo chinês está desenvolvendo experimentos ultrassecretos. Décadas depois, somos apresentados ao protagonista da história, Wang Miao, um especialista em nanomateriais que, num belo dia, se depara com uma contagem regressiva metafísica que o leva a participar de um jogo online chamado Três Corpos.
A situação de Ye Wenjie e Wang Miao acabam se entrecruzando ao longo da narrativa, revelando-nos uma trama pra lá de mirabolante e, por que não, factível de acontecer. Afinal de contas, o que sabemos sobre o Universo? Nada! Ou quase nada! Ou bem menos do que imaginamos conhecer. Na atualidade, estamos só começando a conhecer algumas de suas particularidades, graças a descoberta de outros mundos em sistemas solares distantes do nosso, com a ajuda de telescópios orbitais cada vez mais sofisticados, como o Hubble.
Desdobrando esse tema, Cixin Liu mergulha fundo na teoria de que há vida lá fora e que eles estão vindo para a Terra. E para tornar essa possibilidade ainda mais interessante, ele nos apresenta o game Três Corpos, um jogo do tipo realidade virtual. A ideia por trás do game Três Corpos é interessante, desenvolvendo conceitos científicos, religiosos e filosóficos em eras sucessivas. Outro ponto interessante também é a forma como a civilização alienígena tenta sabotar o avanço tecnológico da nossa Humanidade. Só lendo mesmo, pois é a coisa mais incrível e original que eu já li em um livro do gênero. É coisa para o Capitão Kirk e o Sr. Spock solucionarem!
Mas, O Problema dos Três Corpos vai mais além da simples ficção científica. Cixin Liu debulha a crise existencial de uma civilização, de uma humanidade, que chegou, como tantas outras antes de nós chegaram, em uma encruzilhada, onde estão em jogo os valores morais, espirituais e humanos de seres cada vez mais centrados em si mesmos; preocupados unicamente em consumir as últimas novidades tecnológicas sem se preocupar com os recursos naturais que estão sendo exauridos para gerar confortos, mimos e prazeres pessoais. Dilema esse que a outra civilização – a alienígena - enfrenta, em grau semelhante, e que a empurra para nós, com interesses nada amigáveis.
Mas, afinal de contas, não fazemos o mesmo com as espécies “alienígenas” em nosso próprio planeta? Durante a Guerra Fria, os Soviéticos, da extinta União Soviética, não foram assim vistos pelos norte-americanos, como Aliens? E o que dizer dos nativos africanos, trazidos para a Europa e as Américas, como escravos? E os mesoamericanos, os índios Guarani, os Tupi, os Incas, os Maias e os Astecas, exterminados pelos exploradores espanhóis e português, sob a benção religiosa dos jesuítas?
E o que dizer dos excluídos da sociedade, vivendo à margem, consumidos pela miséria, pelas drogas e pelo alcoolismo? E os órfãos, os idosos nos asilos, os enfermos de toda espécie, o vizinho necessitado cujas necessidades nunca vemos? O nosso mundo está cheio de "aliens" que a indiferença cuida de exterminar todos os dias através do egoísmo, da hipocrisia, da ganância, da corrupção.
A grande questão, em O Problema dos Três Corpos, é justamente esse: o ser humano tende a destruir, a perseguir, eliminar, julgar previamente, discriminar o que não compreende, o que não conhece. Se temos que criticar um livro, faz-se necessário primeiro lê-lo. Não se pode tecer julgamento sobre alguma coisa, um fato ou alguém sem antes conhecermos o objeto de nosso julgamento. O mesmo se dá com as pessoas, com as nações, as crenças, as ciências.
Cixin Liu é um escritor competente com uma veia criativa de dar inveja. Promete uma trilogia que vai mexer com o gênero Sci-Fi por algum tempo. De minha parte, adorei o livro, com uma ressalva: Gostei mais de Ye Wenjie. Me decepcionou um pouco não ser ela a protagonista dessa primeira parte. Wang Miao me pareceu um pouco insosso, mas, se o que interessa é o contexto geral, então, está valendo! Recomendadíssimo! Adorei!
3 Comentários
Achei sua resenha incrível, um excelente post! Sem mencionar o seu blog, que é maravilhoso! É um prazer conhece-lo!
ResponderExcluirMarcelo Júnior - Mistérios Literários
http://misteriosliterarios.com.br/
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirConfesso que não sou fã desse tipo de livro, porém, fiquei bastante curiosa com esse livro.
Adorei seu blog.
Beijos,
https://teattimee.blogspot.com.br
Olá Lívia!
ResponderExcluirPrimeiro que blog lindo, parabéns! Sobre a resenha, mais parabéns! Você focou exatamente na parte em que toca as "feridas" da sociedade. Também adorei a escrita, e a critica impressa pelo autor. Com certeza se tornará uma das minhas trilogias favoritas (se os próximos livros continuarem na mesma pegada!) Ótimo post, beijos...
www.blogleituravirtual.com/