ISBN: 9788591643912
Ano de Lançamento: 2016
Número de Páginas: 268
Editora: Arwen
Classificação: ★★
♥ livro cedido pela autor
Sinopse: Em pleno Marco Zero de São Paulo e escondida entre as paredes do edifício Nazareth, uma história que antes fora de amor, vai se tornar sofrimento, tortura e medo. Em uma noite tranquila, Matias e sua esposa, Felícia, grávida de 6 meses, são atacados por um cão. Para ele, havia sido apenas um susto. Para ela, uma dolorida, mas curável, ferida na perna. No entanto, a ignorante certeza de que tudo não acabará bem, desprezando a necessidade de cuidados médicos, causará sérias consequências. O que tal negligência ocasionará às vidas dessa família? Que destino um simples acidente revelará para o mundo? Matias, enclausurado em seu apartamento com seu filho, Júnior, viverá momentos tenebrosos e sombrios que mudarão para sempre a sua história e das pessoas à sua volta. Um pai, um filho e um destino amedrontador. 
Rodrigo Moreira nasceu em São Paulo. É psicólogo e descobriu, ainda durante a faculdade, o prazer da escrita. É autor, também, do livro A Incrível História dos Pupus: a incrível procura. E Ele Não É Isso, é seu segundo livro.

O visual do livro, a começar pela capa, é bem sombrio. No conteúdo gráfico, logo na abertura, temos letras e desenhos infantis, com marcas de mãos espalmadas, a prenunciar o que o leitor vai encontrar nas páginas seguintes.

Dividido em nove capítulos, mais o prólogo, o livro é uma viagem “sombria”, pra não dizer “psicodélica”, pela vida cotidiana e íntima, de Matias Castro, um Supervisor de um Call Center, que com o filho em um apartamento de um prédio decadente no centro da cidade de São Paulo.

No prólogo, Registros de uma nova era, temos a gravação de um “áudio encontrado junto a corpos de médicos no Instituto de Infectologia Emílio Ribas”. Os depoimentos são dramáticos e apavorantes, dando-nos a entender que algo muito grave e tenebroso aconteceu no hospital. Logo em seguida, temos o primeiro capítulo, Do trabalho para casa e vice-versa, no qual Rodrigo Moreira nos introduz no cotidiano de Matias. E a partir daí vamos conhecendo os seus vizinhos, como a simpática dona Celina, e o não tão simpático, Romeu, entre outros.

Já deste primeiro capítulo em diante, a situação da vida de Matias vai se deteriorando progressivamente, literalmente, a medida em que o autor intercala o momento presente com o seu passado recente. É uma perspectiva que só tende a piorar a cada capítulo, num crescendo de tenebrosidades claustrofóbicas.

A premissa é muito boa e o toque sobrenatural vai bem até certo momento, assim como o enclausuramento de Matias e do filho. Claustrofóbico. Mas para por aí! Tirando fora a excelente Dona Celina, que é a personagem mais carismática do livro, Matias Castro... não “desce”. Achei-o muito antipático, antes e depois do que sucede com Felícia. Só o fato dele não ter se preocupado em levar a mulher no hospital pra mim já sinalizou o que se podia esperar dele ao longo da história.

Ele Não é Isso tem os seus bons e maus momentos. Não é nem o melhor nem o pior do gênero. De bom, como já disse, temos a personagem Dona Celina; o visual sombrio do livro; a atmosfera claustrofóbica da narrativa, que em dado momento chega a ser asfixiante, além de um ou outro toque sobrenatural em dado momento da trama, quando Matias está totalmente confinado em seu apartamento; a histeria de Matias também é outro ponto interessante, pois, em dado momento, eu cheguei a pensar se tudo aquilo que estava acontecendo não seria fruto da mente perturbada do sujeito. De mediano, o terror, que só prometeu, mas não cumpriu, e que não chega a causar grandes sustos. De ruim, Matias, obviamente, e os vaivéns confusos entre o seu passado e o momento presente ainda mais confuso, o excesso de palavrões e o final que ficou a desejar…

Infelizmente, não foi um livro que me conquistou. Foi uma leitura interessante, mas só. Uma pena, pois minhas expectativas quanto à leitura estavam pra lá de positivas. O livro recebe a pontuação que dei pelos aspectos bons que indiquei acima.