Livro cedido pela editora para resenha

ISBN: 9788564850286
Série: Shadow Scale, vol. 1
Tradução: Denise de C. Rocha Delela
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 384
Editora: Jangada
Classificação: ♥♥♥♥♥ 
Sinopse: Décadas de paz pouco fizeram para diminuir a desconfiança entre seres humanos e dragões no reino medieval de Goredd. Criaturas extremamente inteligentes que podem assumir a forma humana, os dragões frequentam a corte como embaixadores e usam sua mente racional e matemática em universidades, como estudiosos e professores. No entanto, à medida que o aniversário do Tratado de Paz se aproxima, o clima começa a ficar perigosamente tenso. Seraphina Dombergh, uma garota de 16 anos com grande talento para a música, tem um terrível segredo e razões para temer humanos e dragões. Ela se torna assistente do compositor da corte justo quando um membro da família real é encontrado morto, devido a um ataque muito ao estilo dos dragões, isto é, com a cabeça arrancada a mordidas. Seraphina, com sua inteligência e senso de humor ácido e feroz, passa a colaborar com as investigações, ao lado do capitão da Guarda da Rainha, o sagaz e encantador Príncipe Lucian Kiggs. Enquanto eles começam a encontrar pistas de uma trama sinistra para destruir a paz, a fachada cuidadosamente construída por Seraphina começa a desmoronar, tornando cada vez mais difícil manter seu segredo, cuja revelação seria catastrófica em sua vida. 


Rachel Hartman é uma escritora canadense que vive em Vancouver, apaixonada por música, que estreou na literatura com o livro Seraphina, primeiro da série Shadow Scale. O segundo livro é Sangue de Dragão. Seraphina ganhou o prêmio literário Morris Award, o principal prêmio anual concedido pela American Library Association.

“Eu me lembro do dia em que eu nasci. Na verdade, lembro-me de um período anterior a esse. Não havia luz, mas havia música: articulações rangendo, sangue bombeando, a canção de ninar em staccato do coração, uma rica sinfonia de indigestão. O som me envolvia, eu me sentia segura.” 

Assim inicia-se Seraphina, narrado em primeira pessoa pela ótica de Seraphina Dombergh, garota de 16 anos apaixonada por música, que se torna assistente do compositor da corte imperial no reino medieval de Goredd, no 40º aniversário do tratado firmado entre os dragões e os humanos, quando ocorre o assassinato do príncipe Rufus, encontrado decapitado por um suposto dragão. Isso coloca todo o reino em polvorosa, dando início a uma investigação oficial, no meio da qual vamos encontrar Seraphina que luta para manter-se neutra na crise política que se instaura. Ela tem muito a perder, pois se esconde por detrás de uma máscara. E à medida em que as investigações caminham, ela corre o risco de ver todo o seu mundo ruir, ao mesmo tempo em que o reino de Goredd parece mergulhar num novo conflito entre humanos e dragões.


Para encontrar um pouco de paz, Seraphina costuma visitar o Jardim, um lugar mágico que ela criou só para si, onde a beleza e a tranquilidade a faz manter-se segura das realidades do mundo que a cerca.

“Vocês sabem que os dragões aprenderam a assumir a forma humana? Nós nos transformamos para poder falar com vocês. (…) Foi um dragão ságio, Gólia, ou Gôlimos, como é chamado em Porfira, que descobriu há quase um milênio como efetuar essa mudança.” 

Posso dizer que Rachel Hartman criou um universo único, fantasia medieval, com um toque nostálgico e atemporal. Os personagens são bem desenvolvidos, ricos em alegoria e com profundidade de sentimentos, diálogos inteligentes. cenas e situações bem ilustrativas. Há uma gama enorme de personagens girando ao redor de Seraphina, nossa protagonista. Orma, seu “dragão tutor”, é o meu favorito.

Seraphina trata especificamente de dragões e de música. E todo a trama gira em torno disso. Gostei da forma como a autora tratou os dragões, fazendo-os imitarem o aspecto humano para poder conviver pacificamente com esses. No entanto, a meu ver, a parte da música ficou a desejar, para dizer o mínimo. Achei todo esse enredo, que gira em torno do interesse e envolvimento de Seraphina pela música, tornou a leitura cansativa e enfadonha.

Apesar de ser um romance de fantasia, Seraphina peca justamente pela falta dos elementos que consagraram o gênero, onde a aventura e criaturas míticas de todo tipo, em batalhas épicas, são o que há de melhor, considerando-se que os dragões são o mote principal da trama. Neste quesito, fica a desejar, também, já que o interessante no livro são os dragões.

O livro não traz um mapa geográfico para situar a história, comum nos livros do gênero, mas conta com um “Cast”, no final do livro, com o nome de todos os personagens e um glossário, com definição dos termos utilizados pela autora. O que ajuda bastante para não nos perdermos pela enormidade de personagens e termos por ela utilizado na narrativa. Depois dos agradecimentos finais da autora, há um Capítulo Bônus – A audição, bem interessante.

“Então tinha acabado, e ele ainda segurava minhas mãos entre as dele e dizia: — Em algum romance ou balada porfiriana, ficaríamos juntos.“- pág. 360

Seraphina é um bom livro, para ler despretensiosamente. Apesar do desenvolvimento lento e da falta de muitos elementos que eu amo no gênero, creio que o livro agradará leitores juvenis e adultos, que curtem o gênero fantasia “diferenciado”. O ponto alto do livro é, sem dúvida alguma, os dragões, e nisso Rachel Hartman acertou em cheio!