Livro cedido pela editora para resenha
ISBN: 9788567296227
Tradução: Geni Hirata
Série: Outlander
Ano: 2014
Páginas: 800
Editora: Saída de Emergência Brasil
Classificação: ♥♥♥
Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros. Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?

Nem dá para contar nos dedos há quanto tempo estou desejando ler A Viajante do Tempo, que traz diversos elementos que gosto: viagem no tempo, drama e romance, Escócia e highlanders. Há muito tempo entre os meus livros/ séries desejados, eu nunca tinha tido a oportunidade de ler, até que a Saída de Emergência Brasil lançou o primeiro livro com uma nova e belíssima capa, que me fez decidir finalmente lê-lo. E não me arrependo! Pelo contrário, me pergunto como pude demorar tanto tempo para ler este livro fantástico e intenso, que sem dúvida alguma, é um dos melhores romances que já li.

1945. A Segunda Guerra Mundial acabou. Depois de um período exaustivo em suas vidas, Claire e Frank Randall voltam para casa, e decidem que merecem tirar umas férias e curtir uma segunda lua-de-mel. Depois de muito tempo separados, eles decidem que precisam de mais tempo juntos e partem para a cidade de Inverness, na Escócia.

Entre as pesquisas do marido atrás de seus ancestrais, e alguns mitos e lendas locais envolvendo bruxaria, Claire passa algum tempo sozinha circulando pelos arredores e acaba presenciando um ritual em um antigo círculo de pedras por mulheres locais. Depois, ela acaba achando uma fenda em uma das pedras do círculo, e em meio a estranhos zumbidos e sensações, misteriosamente, acaba sendo transportada para a mesma Escócia, mas a mais de 200 anos atrás. Agora, Claire está na Escócia de 1745, e se vê perdida em meio a uma terra selvagem dominada por clãs, guerra e sangue. Escapando do terrível capitão Randall, que a sobrepuja, e desesperada para entender o que está acontecendo, Claire encontra um destes clãs, e sua vida começa a ficar mais complicada do que poderia estar até o momento.

É o clã Mackenzie, um poderoso clã local, e o jovem Jamie Fraser - do qual ela cuida de um ferimento grave. Sendo acolhida, sob vigilância no castelo do clã, Claire vai exercer seus conhecimentos de enfermagem, e vai se envolver cada vez mais na vida destas pessoas que ele mal conhece. Aos poucos, o jovem e carismático Jamie se torna um amigo e com o tempo ganha seu afeto. Não só isso, mas por incríveis jogadas do destino, Claire e Jamie acabam se envolvendo em uma teia imensa de intrigas, e acabam também se entregando à paixão, que se torna um avassalador amor. Claire, luta dia após dia com sua consciência, entre ser fiel ao seu "futuro" e seu marido ou se entregar ao "presente" e à Jamie e seu amor.

Diana Gabaldon me deixou de queixo caído. Fiquei impressionada com a qualidade de sua história, que além de muito bem narrada é muito bem construída e elaborada. A narrativa de Gabaldon é um show à parte, e fiquei encantada com o desenvolvimento e precisão com que conduziu a trama, mesmo que não tenha gostado exatamente de tudo, e mesmo que tenha me irritado com algumas coisas.

Gabaldon conquista pela narrativa detalhista e bem fundamentada, que com certeza foi fruto de muito estudo e pesquisa histórica para construir algo tão intenso e perfeito em descrições. Sua história é rica em detalhes, tanto históricos quanto "visuais", e é possível, além de adentrar perfeitamente na Escócia de 1745, sentir tudo o que ela nos proporciona com ricas descrições. Cada detalhe é tão intenso que é possível sentir os cheiros, os sabores, as sensações que a história desperta. Uma experiência incrível!

Mas, tudo tem seu porém, e acho que em alguns momentos a autora se estendeu demais. Veja bem, não que isto seja algo ruim, mas teve momentos de sua narrativa que poderiam ter sido suprimidos e não iriam alterar o sentido e continuidade da trama. São estes momentos que tornam algumas passagens do livro um pouco cansativas e monótonas, e que faziam a leitura se arrastar mais do que queria. Mas, isso atrapalha o desenvolvimento ou leitura? Não! Não atrapalha, a meu ver só enriquece ainda mais a história, mesmo que tenha sido um tanto extenso. E, mesmo com suas 800 páginas, A Viajante do Tempo não é, nem de longe, uma leitura chata ou sofrível. Para mim foi impossível largar o livro até que li a última frase e última palavra. Isso se deve pela ótima história e pelo carisma dos personagens, que me envolveram até o final.

O fato de Claire ser madura, decidida, forte e firme, e enfrentar de frente todos os perigos e riscos de uma época que nem conhece, me conquistaram logo de cara. Jamie, foi me conquistando aos poucos, e mesmo me irritando muito em algumas passagens do livro, me ganhou com seu coração de ouro, sua personalidade forte, determinada, encantadora, e em muitos momentos, romântica. Sim, me fez suspirar também. Mas uma coisa interessante é que o romance de Claire e Jamie não se desenvolve logo de cara, do tipo: "meu Deus, como este homem é lindo e másculo, como preciso dele" e vice-versa. Não, se desenvolve lentamente, com muitas jogadas do destino e muitas lutas, contratempos e fugas.

A Viajante do Tempo não é um livro frufuzinho, daqueles que escorrem açúcar e mel. Então se é isso que você procura ao lê-lo, não se engane. Aqui, a história é muito mais brutal e real. As cenas e acontecimentos são fortes e intensos, assim como o romance de Claire e Jamie, as cenas de batalha e de fugas, e o desenvolvimento de outros personagens. Tudo é muito intenso e cruel, sangrento e brutal. E eu adorei isso! Ao longo do livro tem cenas fantásticas de tirar o fôlego. Uma das minhas cenas preferidas envolve a Claire e uma matilha de lobos.

Mas, como tudo pode ficar ainda pior, este lado cruel e brutal fica ainda mais evidente quando o nojento e asqueroso Jonathan Randall, ou simplesmente Randall, entra em cena. Ao longo de todo o livro este verme faz e acontece! Como eu o odeio, e se não estou enganada, não me lembro de quando senti tanto ódio por um personagem em um livro. Não dá nem para chamá-lo de homem, pois é um verdadeiro monstro. Todas as coisas que ele faz... Ai, que raiva! Se eu pudesse, eu entraria no livro e o matava com minhas próprias mãos. É, minha gente, o negócio é feio a este ponto!

Aliás, terminei o livro com um misto de revolta, raiva, choro e sorriso. Senti tanta coisa nos últimos capítulos do livro que não sei nem como explicar. Foi um final tão impactante e... e... e nem tenho palavras para descrever. Meu coração foi partido umas cem vezes!

A Viajante do Tempo, apesar de alguns altos e baixos, me proporcionou uma leitura intensa e impressionante que me marcou muito! Com certeza foi uma excelente surpresa literária, e está entre uma de minhas melhores leituras dos últimos anos!