O Príncipe da Névoa
Carlos Ruiz Zafón
ISBN: 9788581051222
Trilogia da Névoa # 01
Páginas: 184
Ano: 2013
Editora: Suma de Letras
Pontuação: ♥ ♥
Em 1943, a família do garoto Max Carver muda para um vilarejo no litoral, por decisão do pai, um relojoeiro e inventor. Porém, a nova casa dos Carver está cercada de mistérios. Atrás da casa, Max descobre um jardim abandonado, que contém uma estranha estátua e símbolos desconhecidos. Os novos moradores se sentem cada vez mais ansiosos: a irmã de Max, Alicia, tem sonhos perturbadores  enquanto a outra irmã, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho armário.
Com a ajuda o novo amigo, Roland, Max também descobre os restos de um barco que afundou há muitos anos, numa terrível tempestade. Todos a bordo morreram, menos um homem - um engenheiro que construiu o farol no fim da praia.
Enquanto os adolescentes exploram o naufrágio, investigam os mistérios e vivem um primeiro amor, um diabólico personagem começa a surgir: o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo a uma pessoa - mas cobrando um preço alto demais...

O Príncipe da Névoa é o primeiro livro de uma série juvenil, e primeiro romance escrito por Zafón . Achei muito bacana que o livro é iniciado por uma nota do autor, na qual ele declara seu amor pela escrita e explica como surgiu este seu primeiro romance publicado.

[...] O Príncipe da Névoa é o primeiro de uma série de romances "juvenis", junto com O Palácio da Meia-Noite, As Luzes de Setembro e Marina, que escrevi alguns anos antes da publicação de A Sombra do Vento. Alguns leitores mais maduros, levados pela popularidade deste último, talvez se sintam tentados a explorar essas histórias de mistério e aventura. Espero também que alguns leitores novos possam, caso apreciem a história, iniciar suas próprias aventuras na leitura pela vida afora. A uns e outros, leitores jovens e jovens leitores, só me resta transmitir o agradecimento deste contador de histórias, que continua tentando merecer seu interesse, e desejar-lhes uma boa leitura.
Carlos Ruiz Zafón , Maio de 2006
Záfon é muito amor! Mais uma vez o espanhol nos mostra o poder de suas palavras, e nos faz afirmar que é, com todo louvor, um excelente contador de histórias. É mágico poder apreciar a primeira obra do autor. Desde o início Zafón  declara com todas as letras possíveis que veio para ficar, marcar presença e fazer história (olha os trocadilhos, rsrs).

Em O Príncipe da Névoa, com uma trama ambientada em 1943, conhecemos Max e os outros membros da família Carver. Depois que o pai de Max, decide se mudar para bem longe do foco da guerra, indo para um lugar isolado, uma onda de estranhos acontecimentos têm início. Max e suas irmãs, Irina Alicia, se veem envoltos em um grande mistério, que fica martelando bem no fundo de suas mentes .Logo de cara Max se depara com um relógio que anda em sentido anti-horário, na estação de trem. E logo depois aparece um estranho gato preto de olhos amarelos, que Irina faz questão de adotar. Como se não bastasse, Max descobre no fundo das casas um estranho jardim de estátuas, representando uma trupe de circo, que parecem mudar de posição a cada vez que o garoto as vê. Sonhos com um palhaço assustador; estátuas que se movem, sussurros vindos do fundo de um armário; um gato assustador e uma casa com uma história um tanto triste e arrepiante; os jovens se deparam no meio de uma luta antiga, e irão conhecer toda a maldade de um ser realmente diabólico (sim, o Príncipe da Névoa).

Zafón  constroi com suas palavras uma trama envolvente, sui generis, ou seja, tem uma maneira própria e única de escrever. Sua narrativa parece mágica, e me enfeitiça cada vez mais. A atmosfera que o autor cria em seu primeiro livro, nos traz uma gama de sentimentos. Mistério, um leve toque de terror e um pouco de drama, com pinceladas de aventura. Tudo isso para nos apresentar um quadro magnífico. É assim que vejo sua história. O autor consegue transmitir em sua trama, uma opressão e um horror sutis, mas marcantes e presentes durante todo o livro.

O Príncipe da Névoa é um ser envolto na mais profunda maldade. Seu caráter é terrível, seu jogo é sujo e sua presença é inevitável. Não há como fugir, não há para onde escapar. Esta atmosfera causou um grande impacto em mim. Max, Alicia e Roland também se veem impactados pelo poder antigo e opressor deste ser. Um ponto que ressalto, é que, o ser maligno em questão não tem sua origem revelada, e não se sabe de onde surgiu, qual sua história e o que ele realmente é. Assim como o gato e a trupe de circo. Demônio? Bruxo? Fiquei com algumas questões martelando em minha cabeça, mas acho que é justamente estes porquês que tornam a história e o suspense que a envolve ainda mais cativante. Afinal, como se poder lutar contra um inimigo que você não conhece? Assim ele se torna ainda mais temível. Proposital ou não, é justamente estas terríveis incógnitas que tornam este ser, e tudo que se relaciona a ele, ainda mais terrível e assustador.

Com uma ótima trama, excelentes personagens, um bom clima de aventura e terror, e muito mistério, Zafón ganha minha mais sincera admiração, mais uma vez.  Me vi envolvida de tal maneira, que não consegui largar um só instante o livro. O levei para todos os lugares aos quais eu fui, e terminei a leitura satisfeita, apesar de um pouco triste... e ansiando por mais.