Estado de Graça
Ann Patchett
Tradução: Maria Carmelita Dias
ISBN:
978-85-8057-256-8
Lançamento:
10-11-2012
Páginas:
304
Editora: 
Intrínseca
Pontuação: ♥ ♥
Sinopse: A Dra. Marina Singh trabalha para uma empresa norte-americana que financia o desenvolvimento de uma nova droga na Amazônia. À frente da pesquisa está a Dra. Annick Swenson, que descobriu uma tribo isolada na floresta cujas mulheres permanecem férteis por toda a vida e dão à luz filhos saudáveis depois dos 60 anos, graças ao hábito de mascarem a casca de determinada árvore. Um medicamento feito a partir dessa substância significaria a solução para os problemas de fertilidade de mulheres em todo o mundo. Implacável e intransigente, Dra. Swenson faz de tudo para proteger sua pesquisa dos olhos ambiciosos da indústria farmacêutica e manter em segredo as informações sobre o progresso de seus estudos. Após a morte sem explicações de um dos colegas de laboratório, Marina é enviada ao Brasil com o objetivo de encontrar respostas. Numa odisseia pela Amazônia infestada de insetos, Estado de Graça convida o leitor a desvendar os mistérios guardados no coração da floresta.

Quando vi o lançamento do livro fiquei realmente empolgada. Adoro suspense! E o clima do livro (descrito pela sinopse) me pareceu muito interessante, algo envolvendo nossa Amazônia, e um clima tropical. Mas eu realmente não sabia o que esperar! Estado de Graça me deixou realmente pensativa. Pois sua história é realmente complexa e um tanto difícil de caracterizar. Poderia classificá-lo como um drama? Um suspense?

A narrativa (em terceira pessoa) de Ann Patchett  chamou minha atenção. Ela escreve de uma forma muito bonita e a leitura é gostosa, mas confesso, não é uma leitura rápida. Sua escrita é detalhista e minuciosa, e a impressão que se tem é de uma leitura mais vagarosa, e uma trama mais lenta. O que pode desagradar muitos dos leitores, e fazer algumas pessoas desistirem da leitura. Na verdade, o desenvolvimento e desenrolar dos personagens e da história é sim arrastada, mas de forma geral, bem interessante. Isso porque a autora consegue, desta forma, explorar muito bem os sentimentos e seus personagens (principamente Marina).

Em Estado de Graça, conhecemos a história de Marina Singh. Bem-sucedida, Marina largou a vida de obstreta para trabalhar em uma grande empresa farmacêutica, a Vogel, cuja a qual desenvolve uma pesquisa na Amazônia. A Dra. Annick Swenson está a frente desta pesquisa: uma droga que seria capaz de fazer com que mulheres com mais de sessenta anos pudessem gerar filhos. Mas Swenson parece estar escondendo algo, quando deixa de repassar o avanço de seus estudos para a empresa. Um funcionário da mesmo é resignado a encontrar a Dra. e saber o que realmente está acontecendo.

Dr. Fox traz a triste notícia para Marina:  Anders Eckman, seu colega de laboratório morreu no Brasil, depois de ser enviado para vistoriar o andamento da pesquisa de Swenson. Marina então vai até o país para encontrar sua ex professora da universidade, e entender o que aconteceu com seu amigo, pois a carta que recebeu da Dra. relatando a morte de Anders, foi vaga e fria.
Claro que, Marina, ao se deparar com o país tropical e a vida no meio da floresta, onde vivem a tribo lakashi, e onde a Dra. se encontra, perceberá que nem tudo é tão fácil ou simples como parece. E que sua missão não é nada fácil. Afinal, além da aventura, Marina tem que lidar com o seu passado, sem presente, e suas escolhas para o futuro, e tudo aquilo que marcou sua vida.

Eu também não poderia deixar de comentar sobre a ambientação do livro. A Amazônia retratada no livro é incrível, assustadora e maravilhosa. Os percalços enfrentados pelos personagens, é realmente incrível. E é na floresta que a história realmente melhora. Uma das coisas que achei muito interessante é a tribo lakashi. Tudo o que a autora descreveu, mesmo sendo ficcional, é fascinante. 
Uma das coisas que me incomodou um pouco é a descrição da autora para Manaus.  Nunca tive a oportundiade de conhecer a mesma, e afinal de contas, o país é enorme, mas... não consigo conceber que Manaus esteja tão ultrapassada assim, como a autora faz parecer. Como disse, não conheço esta região do país, os costumes ou a vida na mesma, mas gostaria de saber, para ter um parâmetro melhor para meu julgamento.

O maior defeito do livro, é o final. É aí que a autora peca. Ela consegue construir um clima de suspense muito bacana ao decorrer do livro, num crescendo, no qual me vi ansiosa e ávida pela conclusão da trama. Mas fiquei um pouco chateada. Isso porque o livro tem um final um tanto abrupto, digamos. O problema é que a autora deixa muitas incognitas, muitas pontas soltas, o que torna o final um tanto vago.

De forma geral, diria que o livro é muito recomendado para quem busca algo diferente para ler. Para quem gosta de um suspense sem pretensões, assim como um bom livro onde pesquisas e novos conceitos são apresentados, este é seu livro. Vale pela boa narrativa e trama interessantes.