A MORTE DO COZINHEIRO
Allan Pitz



É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com minhas próprias mãos de escrever versos. Havia motivo claro em saciar-se com a sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro.

Eu estripei-o com suas facas imundas de trabalho banal, e escalpelei por mimo infantil, de criança brincalhona, ao ver os índios e escalpes na TV. Matei o demônio com noventa facadas, cultivando um novo demônio sanguinário em mim, portanto não negarei ter feito a coisa mais maravilhosa que eu poderia fazer por minha inconsequência gloriosa naquele momento: Eu matei o cozinheiro.

Nesse livro em especial não me prendi a nada, fiz como fazia nos palcos, montei um personagem e deixei fluir tudo na sintonia dele. O protagonista, Luiz Aurélio, encontra-se num estado de perturbação mental contínuo, não existe mais verdade ou ilusão, existe a sua realidade tragicômica tosca de perdas super valorizadas e ciúmes. (Allan Pitz)

(fonte: SOBRE LIVROS - http://www.sobrelivros.com.br